Funcionamento: segunda a sexta de 9:00 até 18:00

PROJETOS

Pesquisadora Adriana Carvalho Lopes

Adriana Carvalho Lopes



Título:

O que as juventudes aprendem fora da escola? Práticas de letramento em intervenções culturais periféricas


A região da Baixada Fluminense, historicamente, foi representada por boa parte dos discursos hegemônicos como um espaço homogêneo, caracterizado como a terra do coronelismo, do banditismo, da violência e da pobreza. No entanto, apesar de ser uma das regiões mais estigmatizadas do país, esse território também é um território de potência, um lugar rico e promissor em termos de produção cultural: rodas de funk, batalhas de rima, saraus, cine-clubes, etc são parte do cotidiano desses locais e de sua juventude. Nesta pesquisa, abordaremos essas produções culturais não só como intervenções políticas nos territórios, mas principalmente como “agências de letramentos” - ou seja, nesses eventos, a juventude envolve-se com práticas de escrita e de leitura em prol de um objetivo comum. Desse modo, nosso objetivo mais amplo é compreender de que modo tais práticas são usadas, significadas e disseminadas por sua própria juventude. Cabe destacar, que a investigação dessas escritas não-escolares é fundamental para que possamos construir pedagogias mais sensíveis às formas pelas quais os/as estudantes mobilizam recursos simbólicos e materiais específicos no interior de suas comunidades; recursos que, muitas vezes, vão além das demandas de letramento exigidas pelas escolas. Apoiadas pelos pressupostos dos chamados “Novos Estudos do Letramento”, formulado por Brian Street, e situadas em um campo de estudos indisciplinar, tal qual coloca o linguista Moita Lopes, faremos uma interpretação etnográfica e linguística das práticas de letramento que constituem algumas intervenções culturais que ocorrem mensalmente na cidade de Nova Iguaçu, RJ. Como resultado esperamos contribuir não só com a valorização e a visibilidade de saberes e práticas de letramento consideradas periféricas, como também ampliar o debate sobre o letramento escolar, colocando em questão perspectivas grafocêntricas, eurocêntricas e logocêntricas, ainda tão presentes em nossos currículos.

Branca Falabella Fabrício



Título:

O virtual em contextos de letramentos escolares: trajetórias de socialização e performances semiótico-identitárias (2014)


As formas de aprendizagem e de produção-circulação discursiva mudaram dramaticamente, em razão do desenvolvimento da Web 2.0. Por seu alcance e velocidade informacionais, pelas inúmeras comunidades de usuários que propiciou, e pelos novos modos de significação e de construção identitária hipersemióticos que o caracterizam, o ciberespaço passou a ser uma realidade inescapável para muito/as estudantes, tornando a influência da cibercultura na vida do alunado cada vez mais evidente. Novas fontes de informação e novas formas de com elas interagir fazem com que a aprendizagem ocorra, além dos limites da sala de aula, em uma vasta gama de espaços da Internet, como blogs, Web pages, Wikipidia e toda sorte de sites educacionais. Pode-se dizer, assim, que os letramentos escolares convencionais têm sido intensamente afetados pelos letramentos virtuais. Tendo em vista esse cenário, o projeto de pesquisa propõe-se a investigar processos de produção de significados e rituais interacionais envolvendo práticas comunicativas entre aluno/as e seus/suas professores/as no contexto virtual (como por exemplo, em sites de relacionamento, blogs educacionais etc.). O objetivo geral é examinar conjuntos de eventos interligados, vivenciados em ambientes virtuais. Meu interesse é pesquisar as relações entre cadeias textuais, atribuição de sentido e performances semiótico-identitárias coconstruídas ao longo de sucessivos encontros interativos na web, atentando tanto para o diálogo entre processos sociohistóricos persistentes e experiências sociais contingentes quanto para a reflexão sobre como o conjunto de rituais interacionais e de modos de construção de sentido no cotidiano virtual está forjando os sujeitos contemporâneos da educação.


As formas de aprendizagem e de produção-circulação discursiva mudaram dramaticamente, em razão do desenvolvimento da Web 2.0. Por seu alcance e velocidade informacionais, pelas inúmeras comunidades de usuários que propiciou, e pelos novos modos de significação e de construção identitária hipersemióticos que o caracterizam, o ciberespaço passou a ser uma realidade inescapável para muito/as estudantes, tornando a influência da cibercultura na vida do alunado cada vez mais evidente. Novas fontes de informação e novas formas de com elas interagir fazem com que a aprendizagem ocorra, além dos limites da sala de aula, em uma vasta gama de espaços da Internet, como blogs, Web pages, Wikipidia e toda sorte de sites educacionais. Pode-se dizer, assim, que os letramentos escolares convencionais têm sido intensamente afetados pelos letramentos virtuais. Tendo em vista esse cenário, o projeto de pesquisa propõe-se a investigar processos de produção de significados e rituais interacionais envolvendo práticas comunicativas entre aluno/as e seus/suas professores/as no contexto virtual (como por exemplo, em sites de relacionamento, blogs educacionais etc.). O objetivo geral é examinar conjuntos de eventos interligados, vivenciados em ambientes virtuais. Meu interesse é pesquisar as relações entre cadeias textuais, atribuição de sentido e performances semiótico-identitárias coconstruídas ao longo de sucessivos encontros interativos na web, atentando tanto para o diálogo entre processos sociohistóricos persistentes e experiências sociais contingentes quanto para a reflexão sobre como o conjunto de rituais interacionais e de modos de construção de sentido no cotidiano virtual está forjando os sujeitos contemporâneos da educação.

Pesquisadora Adriana Carvalho Lopes

Daniel do Nascimento e Silva



Título:

Circulação de discursos sobre segurança pública e violência no Rio de Janeiro: a construção de uma “nova” esfera pública e sua contestação.


Este projeto busca uma configuração local para um problema de significação e sociedade mais amplo, a saber, o modo como a esfera pública é constituída a partir da circulação de discursos (cf. Habermas, 1962; Fraser, 1992; Caldeira, 2000, 2012; Briggs, 2007; Silva, 2012). De modo mais específico, o problema que se coloca aqui é entender como, na recente construção político-discursiva do Rio de Janeiro como "cidade global", discursos sobre violência e (in)segurança, ao circularem socialmente, moldam limites do 'público' e, ao mesmo tempo, seu exterior abjeto. Trata-se, em outras palavras, de entender o potencial performativo da linguagem (Austin, 1962; Derrida, 1977; Butler, 1997) na constituição de um "núcleo seguro" no Rio de Janeiro - que coincide com intervenções urbanas estreitamente ligadas a interesses econômicos e imobiliários transnacionais - bem como de compreender esse mesmo potencial performativo nas reivindicações locais pelo direito à cidade, contrárias ao notório processo de segregação das cidades brasileiras.

Luiz Paulo da Moita Lopes



Título:

Letramentos digitais: performatividade em um mundo de fluxos linguísticos, textuais e humanos


Tomando a necessidade imperiosa de pensar a pesquisa contemporânea no campo de estudos da linguagem como um desafio a nossa imaginação epistemológica para dar conta de uma série de mudanças socio-histórico-culturais em nossos tempos, que demandam investimentos metodológios e teórico-analíticos responsivos às praticas sociais que vivenciamos no mundo online (e, de fato, offline), este projeto focaliza performances narrativas (e outras) emergentes de gênero, sexualidade e raça (teoricamente explicadas pela performatividade) em blogs e em espaços de afinidades assim como os meios semióticos que as constroem. A fundamentação teórica se apoia em uma visão da linguagem e das narrativas como performativas, em teorias queer para explicar a natureza performativa e desessencializada do gênero, da sexualidade e da raça e em construtos teórico-analíticos que almejam considerar o mundo de fluxos textuais, linguísticos e humanos por entre as fronteiras digitais em que estamos situados. Assim, o projeto opera com os seguintes construtos teórico-analíticos sobre língua(gem): reflexividade-metapragmática, ordens de indexicalidade, superdiversidade línguística, estilização, processos de entextualização, transposição e recontextualização, trajetórias textuais e escalas contextuais, e línguas como recursos linguísticos, de modo a ir ao encontro de usos das línguas e da linguagem em nossos tempos de fluidez, de contingência e de reflexividade intensa. A metodologia de investigação são etnografias virtuais de 8 blogs e espaços de afinidades, que fazem uso dos seguintes instrumentos de pesquisa: observação-participante, gravação das interações nos blogs e nos espaços de afinidades, entrevistas semi-estruturadas com participantes focais e diários de campo do pesquisador. O projeto combina, dessa forma, métodos discursivo-interacionais, etnográficos e narrativo-performativos de análise.


 

Pesquisadora Adriana Carvalho Lopes

Maria de Fátima Lima dos Santos



Título:

Onde não cabem mais apenas dois\duas: Discursos e Práticas Afetivo-Sexuais Não - Monôgamicas


A presente proposta de investigação tem como tema central os discursos (regimes de verdade) e práticas que se organizam em torno da noção de não-monogamia. Parto da noção de discurso e prática no pensamento de Michel Foucault onde os discursos são entendidos enquanto um conjunto de enunciados que faz parte de uma mesma formação discursiva (Foucault, 2000) e se caracterizam pela articulação entre saberes e poder. Para Foucault a “Verdade” deve ser entendida não no sentido metafísico, mas como um regime, com produção de diferentes procedimentos e estratégias que faz determinados enunciados se tornarem verdadeiros.Destaco que os discursos são historicamente construídos, mutáveis, polissêmicos e polimorfos e que emergem produzindo outros\novos sentidos inseparáveis das práticas sociais e outros\novos modos de subjetivação onde a relação saber\poder produz subjetividades, produz sujeitos historicamente construídos. A aposta conceitual/metodológica consiste em tomar os discursos enquanto produções sociais e culturais indissociáveis das práticas constituindo textos culturais que são dispositivos significativos para compreensão dos diferentes processos sociais e culturais. Neste sentido, interessa perceber como os sujeitos que experenciam essas práticas se relacionam consigo mesmos - o cuidado de si e com os outros (as alteridades) e com as normas sociais, principalmente a mononormatividade. Entendendo que as produções discursivas e as práticas sociais são indissociáveis tem como objetivo principal compreender, investigar, analisar, de uma perspectiva antropológica, as falas e práticas forjadas e como estas produzem sujeitos, subjetividades e modos de subjetivação que se organizam a partir da noção de não-monogamia.Também constitui objetivos perceber como os sujeitos que se propõem a pensar e viver relações não organizadas pela monogamia experenciam a relação consigo mesmo e com os outros percebendo quais as morais e as éticas produzidas nestas experiências.

Rodrigo Borba



Título:

(Des)aprendendo a ser: trajetórias de socialização e a (meta)pragmática da (des)identificação social


Esta pesquisa objetiva entender como, numa visada foucaultiana, determinados indivíduos se tornam tipos institucionalmente reconhecíveis de sujeitos nos microdetalhes de suas interações cotidianas. Para tanto, estuda-se o Programa de Atenção Integral à Saúde Transexual (PAIST), um dos Centros de Referência no Processo Transexualizador do Sistema Único de Saúde brasileiro, onde foi realizado um trabalho de campo de cunho etnográfico de 13 meses. Discute-se como sistemas de conhecimento biomédico patologizam a transexualidade e disponibilizam certos recursos semióticos para a identificação de “transexuais verdadeiros”, solidificando, assim, um modelo metapragmático de identidade (WORTHAM, 2006). O foco analítico recai nas dinâmicas microinteracionais de trajetórias de socialização (WORTHAM, 2005) durante as quais usuários/as iniciantes no PAIST vão paulatinamente aprendendo a entextualizar (SILVERSTEIN e URBAN, 1996) o modelo de “transexual verdadeiro” em suas performances narrativas (BAUMAN e BRIGGS, 1990). Argumenta-se que esse aprendizado se dá pela organização de sequências de turnos-de-fala nas consultas e, sobretudo, pelo par adjacente pergunta-resposta nos quais profissionais de saúde repetidamente oferecem os itens semióticos para que usuários/as possam produzir narrativas que satisfaçam as imposições do Conselho Federal de Medicina para Processo Transexualizador. A pesquisa busca entender como, nos microdetalhes interacionais das consultas, os entendimentos dos/as usuários/as sobre suas subjetividades e corporalidades sãogradualmente eclipsados pelo construto diagnóstico de “transexual verdadeiro”.